O novo regime automotivo brasileiro foi novamente adiado e corre o risco de sequer entrar em vigor. Sim, o Rota 2030, idealizado para direcionar a indústria nacional ao longo de mais de uma década, segue em discussão, com chances de não ser validado. Sem entendimento entre os ministérios que “negociam” suas diretrizes, o da Fazenda e o de Desenvolvimento, o plano agora teve seu anúncio formal adiado para abril. O mês de março pode ser determinante para sua existência.
Originalmente previsto para valer a partir de 1º de janeiro, o Rota 2030 foi adiado em diversas oportunidades por falta de acordos. Pelo que se conta nos bastidores, o MDIC é a favor de uma política de incentivos fiscais baseada no cumprimento de metas. A Fazenda, no entanto, bate o pé e não abre mão de manter a arrecadação. O Presidente da República, Michel Temer, teria solicitado à Casa Civil que intermediasse as conversas para que o plano não acabe no lixo.
Discutido desde maio do ano passado, o Rota 2030 viria para substituir o polêmico Inovar-Auto, encerrado no dia 31 de dezembro de 2017. A previsão é que ele fosse detalhado até agosto passado, mas já se passaram mais de seis meses e o projeto não avançou. O entrave entre as pastas é o principal motivo: calcula-se que a Fazenda perderia R$ 1,3 bilhão em arrecadação, caso todas as bonificações fossem concedidas.
O avanço nas negociações pode ser determinante para algumas montadoras instaladas no Brasil, especialmente as do segmento premium. Produzir veículos, para elas, só foi interessante enquanto empresas sem fábricas locais eram sobretaxadas em 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – prática que resultou em sanções ao País junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). Especula-se até que algumas unidades poderiam ser fechadas ou vendidas.
O assunto é delicado, requer concessões de todos os lados e pode ser determinante para a manutenção de empregos e movimentação na indústria.
[ Fonte: Automotive Business ]