Ford fechará fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e abandonará caminhões


A reorganização global da Ford fez mais uma vítima. Após admitir dificuldades para manter algumas fábricas no Mercosul abertas (leia aqui) e sofrer com greves (leia aqui), a gigante de Detroit teve uma reunião com metalúrgicos para discutir aportes na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) (leia aqui). O encontro, na época, não terminou com qualquer previsão de investimento. E agora se sabe o motivo: a tradicional planta do ABC paulista será fechada permanentemente ao longo de 2019. Com o fim da produção nessa unidade, a Ford deixará o segmento de caminhões em definitivo e, como já se esperava (leia aqui), encerrará a oferta do Fiesta.

De acordo com a marca, a medida foi tomada para recuperar a “lucratividade sustentável” na América do Sul. “A Ford está comprometida com a América do Sul por meio da construção de um negócio rentável e sustentável, fortalecendo a oferta de produtos, criando experiências positivas para nossos consumidores e atuando com um modelo de negócios mais ágil, compacto e eficiente”, ressalta o presidente da empresa para a região, Lyle Watters. A tendência, portanto, é enxugar cada vez mais a gama e os processos internos.

A companhia informa ter buscado outras alternativas, como parcerias e até venda da operação, mas não encontrou viabilidade nos projetos. De quebra, os investimentos necessários para modernização e adaptação a novos produtos seriam insuficientes para dar retorno. O ponto mais crítico, embora a montadora não mencione, diz respeito à adequação de seus caminhões à legislação ambiental mais restritiva. Com isso, os modelos F-350, F-4000 e Cargo deixam o mercado ainda em 2019, enquanto houver estoque. O mesmo acontece com o Fiesta, que recentemente perdeu versões e já dava sinais de sair de cena desde sua fracassada reestilização (leia aqui e aqui).

REESTRUTURAÇÃO É A PALAVRA

Como vem acontecendo com montadoras em todo o mundo, a palavra de ordem da Ford América do Sul é reestruturação. A empresa justifica sua decisão na reorganização interna e ressalta que várias áreas serão “contempladas” com a nova filosofia. A empresa pretende reduzir seus quadros de funcionários e administrativo em 20%, ampliar parcerias pontuais como a feita com a Volkswagen (leia aqui) e focar sua linha de produtos em SUVs e picapes, mais em voga no mercado global.

Além do fim dos caminhões e do Fiesta, a Ford lembra de sua decisão de encerrar a montagem do Focus na Argentina (leia aqui). Com demanda reduzida e já tendo trocado de geração na Europa (leia aqui), o modelo perdeu seu sentido na região e não terá um substituto direto. A “morte sem pena” também foi aplicada em outros veículos, como os tradicionais Taurus e Fusion americanos (leia aqui), em uma decisão que levantou bastante polêmica (leia aqui e aqui). A marca ainda revisou suas operações na Ásia, onde fechou uma aliança com a indiana Mahindra (leia aqui).

PRÓXIMA FASE

Com a decisão tomada de fechar a fábrica de São Bernardo, a Ford calcula um custo de US$ 460 milhões para concluir a operação. Um montante de US$ 100 milhões é considerado pela depreciação acelerada da unidade e a amortização de ativos fixos. Os US$ 360 milhões restantes serão retirados do caixa para pagar compensações a funcionários, fornecedores e concessionários. “Sabemos que essa decisão terá um impacto significativo sobre os nossos funcionários e, por isso, trabalharemos com todos os nossos parceiros nos próximos passos”, pontua Watters.

Os US$ 460 milhões usados para a “manobra” já estavam previstos no orçamento global da Ford para 2019. A empresa reservou US$ 11 bilhões em despesas totais, com uma boa fatia destinada à reestruturação global da montadora.

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