Pode não ser dessa vez que a Fórmula 1 terá 22 etapas em um único ano, batendo seu recorde histórico (veja aqui nosso Guia F1 2020). A Federação Internacional de Automilismo, o Liberty Media – detentor dos direitos comerciais – e os organizadores locais anunciaram o cancelamento do GP da Austrália, marcado para esse domingo (15). O motivo é o surto global do coronavírus Covid-19, em especial após um funcionário da McLaren ter testado positivo para a doença. A escuderia inglesa já havia informado que não marcaria presença nessa corrida. Por ora, não há previsão de quando ela acontecerá, mas o comandante da competição, Ross Brawn, afirma ter intenção de remarcá-la para mais pra frente.
A decisão de cancelar o GP da Austrália já era esperada. Com o surto tendo alcance global e todo o temor criado, haveria um esvaziamento do evento, além do risco de espalhar o Covid-19 entre os australianos. Porém, até semanas atrás, essa possibilidade estava descartada. Até então, o risco era mais iminente nas provas seguintes, a serem sediadas em Bahrein, China e Vietnã, respectivamente. Todas essas, aliás, também estão em risco.
Sobre isso, Brawn deixa claro que a intenção é manter todas as etapas previstas na temporada, ainda que não nas mesmas datas previstas inicialmente. “Acho que ninguém passou [por uma situação semelhante] na vida”, pontua. “Estamos avaliando todos os pontos agora, juntando o que aprendemos com esse fim de semana. Precisamos ser realistas sobre quando poderemos começar, que é no que estamos trabalhando agora.” Ele recorda que, além do risco à saúde, há questões básicas para o andamento da prova, como a logística, os custos e até mesmo o psicológico dos envolvidos.
A fala de Brawn deixa clara a incerteza geral sobre o andamento da temporada. Com praticamente todos os países presentes na F1 afetados pelo Covid-19 e diversos eventos esportivos suspensos ou cancelados, há chance de uma revisão geral no calendário. “Temos planos de refazer a temporada e tentar acomodar o máximo de provas perdidas que pudermos. Acredito que as pessoas terão de ser pacientes e tolerantes com os termos sobre os quais tentaremos reconstruir o campeonato”, finalizou.
DEMORA NA DECISÃO?
Pessoas e organizações são sempre submetidas a críticas, ainda mais nos tempos atuais. Com a F1 não foi diferente: a decisão de cancelar o GP rendeu algumas reações negativas nos perfis da categoria pela Internet. Porém, antes disso, também se reclamou a respeito da “inércia” na decisão de suspender da prova, o que aconteceu cerca de 12 horas depois de a McLaren confirmar sua ausência na Austrália.
Segundo Brawn, vários fatores tiveram de ser considerados para se optar pelo cancelamento. “Consultamos as demais equipes, autoridades médicas, a FIA e os organizadores locais. Passei a noite toda acordado. Tínhamos muitas questões para trabalhar, unir as escuderias em um encontro, e isso tudo leva tempo. Não temos uma autocracia”, pontuou. “Tivemos de lidar com o fuso horário, pela sede da FIA ficar na Europa, e Chase [Carey, CEO da F1] estava em um voo entre o Vietnã e aqui [Austrália]. Foi um período estressante. Considerando-se tudo, acredito que 12 horas para uma decisão importante foi um bom tempo.”