A incerta temporada 2020 da Fórmula 1 será a última em que Ferrari e Sebastian Vettel competirão juntos. A equipe e o piloto confirmaram que não vão renovar o contrato atual, previsto para se encerrar ao final desse ano. Dessa forma, a mais tradicional escuderia da categoria fica com uma vaga em aberto, enquanto o tetracampeão alemão buscará um novo carro para competir a partir de 2021.
Apesar de já haver rumores quanto à separação das partes, apenas agora elas confirmam a não extensão contratual, tomando uma decisão “conjunta”. “Para se obter os melhores resultados nesse esporte, é vital que todas as partes trabalhem em harmonia. Eu e a equipe percebemos que não há um interesse comum em continuar juntos para além dessa temporada”, disse Vettel. “O que aconteceu nos últimos meses [a pandemia] levou muitos de nós a refletir sobre as prioridades na vida. Eu tomarei meu tempo para refletir sobre o que realmente porta para meu futuro”, adicionou. “Não foi uma decisão fácil, considerando-se o valor de Sebastian como piloto e pessoa. Não tivemos uma razão específica [para não renovar], apenas uma crença comum e amigável de que chegou a hora de seguir caminhos diferentes para alcançarmos nossos objetivos”, pontuou o chefe da escuderia, Mattia Binotto.
As especulações que acabaram se tornando realidade foram baseadas nas mudanças que Ferrari e Vettel observaram em suas sagas na última temporada. Indiscutivelmente primeiro piloto quando companheiro de Kim Räikkönen, o alemão se viu ofuscado pelo crescimento de Charles Leclerc, ficando atrás do novato em pontos (264×240) e vitórias (2×1). Seus críticos dizem ainda que a confiança foi minada após o campeonato de 2018, quando liderava até a metade da competição e acabou perdendo, muito em parte por seus próprios erros, o título para Lewis Hamilton. Até o momento, Vettel tem 14 vitórias, 12 poles, 14 voltas rápidas e 54 pódios pela equipe italiana.
Pelo lado da Ferrari, o crescimento de Leclerc como piloto fez surgir um novo ídolo para a torcida, bem como um confirmado talento a ser lapidado. O monegasco chegou a brigar de igual pra igual com rivais mais experientes, inclusive com o próprio Vettel, tomando-lhe o protagonismo da equipe. Ou seja: o time italiano pode agora abrir a mão em favor de um segundo corredor competitivo e desenvolvedor de carro, sem necessariamente lhe garantir a preferência da escuderia.
O OUTRO CARRO DA FERRARI
A saída de Vettel abre uma vaga no time mais tradicional da Fórmula 1 e para onde muitos sonham ir desde os primeiros metros de carreira. Isso certamente é um trunfo para a Ferrari, com o porém de que o contratado será o segundo piloto. Nos bastidores, um dos nomes fortes tem sido o de Carlos Sainz Junior. O espanhol já vinha sendo ventilado antes do anúncio, principalmente por seu bom resultado no ano de estreia com a McLaren. Ele foi o sexto no Mundial de Construtores da F1 2019, tendo levado o time inglês de volta ao pódio pela primeira vez desde março de 2014. Também traz experiência ao já ter guiado por Renault e Toro Rosso, seu time de estreia.
Outro especulado é Daniel Ricciardo, que termina seu contrato com a Renault ao fim de 2020. Sem conseguir brigar competitivamente, o australiano chegou aos 30 anos e pode ter agora uma última oportunidade de voltar a vencer. A personalidade extrovertida também contaria pontos a favor. Na mesma corrida, Valtteri Bottas é mais um ventilado. Também com vínculo se encerrando com a Mercedes no final desse ano, o finlandês aceitaria ser a segunda força do time. Porém, isso dependeria primeiro do time alemão optar por não continuar com ele.
As chances são bem remotas, é verdade, mas novamente volta-se a especular a ida de Lewis Hamilton à Ferrari. O britânico já chegou a ironizar o possível desdém dos italianos por ele no passado, após Binotto admitir um eventual interesse no hexacampeão. No entanto, o inglês tem uma forte ligação com a Mercedes: desde 1997, guia para a equipe ou por um carro movido por seu motores – ou ainda com seu apoio técnico. Mudar de ares bem quando poderá igualar – ou superar – Michael Schumacher em número de títulos pode não estar nos planos de Hamilton.
PARA ONDE, VETTEL?
A nova casa de Vettel, de certa forma, também dependerá do nome escolhido para substitui-lo na Ferrari. Um dos times especulados é a McLaren, onde hoje está Sainz atualmente. A equipe britânica tenta, aos poucos, voltar ao patamar do passado. Um dos seus pontos-chave será o uso do motor Mercedes a partir de 2020, o que pode ser um fator extra em favor dos ingleses na lista do tetracampeão.
Também não se pode descartar uma eventual ida à Renault. O chefe dos franceses, Cyril Abiteboul, admitiu que Vettel seria um nome interessante, ainda mais no processo de reconstrução pelo qual a escuderia vem passando. Porém, ainda é incerta a capacidade de brigar por vitórias, tal qual a da McLaren.
As opções menos prováveis, entre os times de ponta, ficam para Red Bull e Mercedes. No caso do time austríaco, Vettel voltaria às origens, onde conquistou seus quatro títulos, mas teria de se submeter à condição de segundo piloto. Preencher essa vaga, aliás, não tem sido tarefa fácil para os touros vermelhos. Já nas flechas de prata, a chegada de Vettel dependeria da saída de Bottas – ou Hamilton. Com isso, a Mercedes teria novamente um corredor alemão, “perdido” desde a aposentadoria de Nico Rosberg, além de formar um “Dream Team” entre os pilotos que lideraram suas respectivas equipes nas últimas temporadas.
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