A pandemia do coronavírus atrasou o início da temporada 2020 da Fórmula 1, e consequentemente, a publicação da Análise das Escuderias do Guia F1 2020 do ALL THE CARS. Anteriormente, detalhamos as equipes (leia aqui), os pilotos (leia aqui) e o calendário desse ano (leia aqui). Esse último, contudo, acabou retalhado pela pandemia e será concluído ao longo da disputa da competição. Confira abaixo.
Inicialmente, imaginava-se que a temporada 2020 não teria tantas surpresas. Com o novo regulamento técnico previsto para 2021, a disputa ficaria entre os melhores de início, afinal poucos recursos seriam gastos no aprimoramento dos carros atuais. Porém, a pandemia atrasou em uma temporada a validação das novas regras e, de quebra, alterou todo o cronograma dos times. Dessa forma, ficou quase imprevisível cravar resultados, haja vista que os treinos aconteceram em março e a disputa se inicia apenas agora em julho.
Como somos chatos e cheios de si, decidimos publicar as análises mesmo assim, ao menos para passarmos tempo nessa pandemia. Veja a seguir.
Dominante nos últimos seis anos, a Mercedes é certamente o alvo a ser batido. O motor ainda se sobressai ante os demais, o carro mantém o bom acerto – ao menos é o que se notou na pré-temporada há três meses – e os pilotos são de qualidade. O hexacampeão Lewis Hamitlon dispensa comentários, enquanto Valtteri Bottas segue se mostrando talentoso e consistente, tendo ficado com o vice-campeonato em 2019, somando quatro vitórias. É franca favorita, mesmo em uma temporada retalhada como a de 2020.
Bem distante de brigar pelo título em 2019, a Ferrari começa mais um ano tentando fazer frente à Mercedes. Na pré-temporada, contudo, o carro não pareceu tão bom para o alto orçamento dos italianos. O motor também deixou a desejar, especialmente após uma revisão feita pela F1, atendendo a protestos rivais. Somou três vitórias em 2019, muito pouco para tanta promessa, mas os fãs certamente não depositam muita confiança em 2020. Pesa contra ainda o “clima” com Sebastian Vettel, que deixará o time ao final da temporada. O alemão pode tentar sair por cima, mas é provável que Charles Leclerc se sobressaia e seja o “líder” da equipe nesse ano. Briga por vitórias, mas o título parece sonho distante.
Em uma análise inicial, a Red Bull aparenta estar mais próxima da Mercedes do que a Ferrari. O carro parece estar melhor que no ano passado e motor Honda aparenta, enfim, ser confiável. Contudo, ainda precisaremos esperar as primeiras corridas para cravar algo. O time conta com o talento de Max Verstappen, que pode ser prejudicado pela própria ansiedade, e o promissor Alexander Albon. O tailandês também tem qualidade, mas seu perfil discreto o deixa em segundo plano. E é com essa personalidade que ele pode se sobressair. Briga por vitórias também.
Após um ótimo 2019, a McLaren parece cada vez mais disposta a alçar voos mais altos. A briga com o trio de maior orçamento é difícil, mas o carro, na pré-temporada, se mostrou promissor. É o último ano com o motor Renault, o que pode prejudicar o relacionamento. Com um pouco de sorte, a qualidade de Carlos Sainz e o talento a ser lapidado de Lando Norris, a realidade de 2020 pode ser muito melhor que a de 2019, ao ponto de brigar por pódios.
Em 2019, a Renault começou o ano falando em pódios e até vitórias, mas a dura realidade mostrou um abismo entre os planos e as realizações. Com um pouco mais de pé no chão, os franceses parecem ter melhorado o carro e o motor. Contudo, a confirmada saída de Daniel Ricciardo caiu como uma bomba no projeto de desenvolvimento do monoposto. Por isso, restará apostar mais fichas em Esteban Ocon, que fica no time para 2021. Chegar ao pódio será motivo de comemoração.
Antiga Toro Rosso, a AlphaTauri tentará provar, mais uma vez, que pode brigar pelo título de “melhor do resto”. O carro não deu muitas mostras otimistas, tampouco parece problemático. A discrição pode ser uma arma para vencer os adversários, mas serão necessários resultados na pista para que isso ocorra de fato. Pierre Gasly seguirá tentando convencer que não merecia “ser rebaixado”, mesmo objetivo de Daniil Kvyat. A sensação, porém, é que ambos ficarão apenas brigando por pontos, bem atrás de lutar por pódios.
Apesar de ter começado o ano bem, a Racing Point não tem muito o que celebrar sobre sua atuação em 2019. Com um modesto sétimo lugar, o time rosa promete melhorar sua qualificação nesse ano. Isso se baseia, primeiramente, no monoposto: com resultados bastante consistentes na pré-temporada, a equipe até foi acusada de usar o W10 da Mercedes, utilizado no ano passado. A equipe se defendeu que apenas “se inspirou” por observação. O fato é que, além do modelo e do propulsor da parceira alemã, ela conta com o consistente Sergio Perez para angariar pontos. Lance Stroll corre por fora para ajudar a equipe a ocupar o top 10 de pilotos.
Tal qual a Alpha Tauri, a Alfa Romeo não trouxe muitas surpresas na pré-temporada. O motor Ferrari não rende como no ano passado e o carro parece ter um acerto apenas justo, suficiente para circular pelo meio do pelotão. Ainda assim, almeja melhorar em relação ao ano passado, quando deu indícios de que poderia brigar por posições melhores. Manteve o experiente Kimi Räikkönen como piloto principal e Antonio Giovinazzi, no qual a Ferrari parece apostar fichas, para tentar galgar posições. Deve mesmo ficar na faixa posterior da fila.
Uma das equipes que mais decepcionou em 2019 foi a Haas. Além dos problemas do carro, a equipe norte-americana sofreu com a organização durante as corridas. Sem falar em erros de mecânicos e, principalmente, dos pilotos Romain Grosjean e Kevin Magnussen. A dupla, aliás, provavelmente terá a última chance de provar que merece estar na F1. Pela pré-temproada, porém, podemos esperar mais um ano da Haas como coadjuvante.
No fim da fila em 2019, a Williams somou apenas um ponto, ainda em um golpe de sorte. Na pré-temporada, o carro de 2020 parece ser bem melhor que o do ano passado. Porém, o jovem George Russel reconheceu: ainda assim, é o pior do grid. Não parece haver muita condição para que o monoposto melhore ao longo da temporada, principalmente pela crise financeira enfrentada pelo time britânico. Contudo, como no ano passado, uma corrida atípica pode proporcionar pontos.
RESUMO
Com todas essas considerações, nossas apostas ficam assim:
– Mercedes – Candidata ao título (1º ou 2º)
– Red Bull – Briga por vitórias (1º a 3º)
– Ferrari – Briga por vitórias (2º a 4º)
– McLaren – Briga por pódios (3º a 5º)
– Renault – Zona de pontuação (4º a 7º)
– Racing Point – Zona de pontuação (4º a 7º)
– AlphaTauri – Zona de pontuação (6º a 9º)
– Alfa Romeo – Pontos esporádicos (7º a 9º)
– Haas – Pontos esporádicos (7º a 9º)
– Williams – Fim da fila (10º)