Bigster também será vendido no Brasil
O novo CEO da Renault, Luca de Meo, revelou que a empresa está reavaliando um investimento previsto para modernização da linha no Brasil. O executivo não mencionou modelos, mas deu a entender que se tratam de produtos com grande volume de produção, o que se pode entender como Logan e Sandero. Assim, a renovação da dupla está “sob análise”. Por outro lado, ele confirma o lançamento do Dacia Bigster por aqui (leia aqui), mirando modelos como o Jeep Compass.
Em entrevista à agência Automotive News, De Meo falou sobre vários elementos do novo plano global da empresa, chamado Renaulution (leia aqui). Questionado sobre a expansão da companhia para fora da Europa, especialmente com relação à América Latina, o CEO revelou a necessidade de aumentar a lucratividade em detrimento de grandes volumes, como, aliás, está fazendo a Ford (leia aqui). Porém, ele rejeita a saída do País.
Dacia Bigster
Para falar da América Latina, De Meo usou como exemplo o Brasil, ressaltando que se faz necessário um produto de alto valor agregado para viabilizar a operação como um todo. “No Brasil, nós alocamos [recursos] em modelos como o Logan e, ao alcançar 5% ou 6% do mercado e preencher uma fábrica com 150 mil ou 200 mil veículos, então a coisa certa a fazer seria introduzir um modelo de segmento mais alto para colocar a marca em uma posição consistente. E isso não aconteceu”, pontuou. Para ele, seria necessário ter um produto mais caro, que ajudasse a ampliar os lucros por unidade vendida.
Renovação do Sandero (acima) está suspensa
Segundo o executivo, uma nova estratégia será adotada. “Usando o Brasil como exemplo outra vez, foi dada a meta de chegar a 10% de participação. Em um mercado de três milhões [anuais], estávamos preparados para fazer 300 mil carros. Então, vendemos 200 mil, e 150 mil, e então 80 mil. O que precisamos no Brasil, antes de tudo, é baixar o ponto de equilíbrio, o que significa fazer cortes, como infelizmente demitir mais de 800 pessoas”, explicou. A reorganização operacional seria apenas o primeiro passo, contudo.
Logan também não tem renovação garantida
A segunda etapa da revisão de atividades está nos investimentos, em meio à crise. “Pela economia um pouco incerta, vamos congelar investimentos em curto prazo [para a especulada renovação de Logan e Sandero]. Mas vamos realocar o dinheiro em modelos como o Bigster [ainda conceito da Dacia] e o Duster, em versões Renault, para podermos elevar o preço médio, como fizeram Volkswagen e Fiat. (…) Não buscamos mais 10% de participação, mas talvez 5% ou 6%. Nesse nível, já se tem uma marca relevante e visível, mas queremos ter uma maior qualidade de negócio”, detalha De Meo.
OBJETIVO: REDUZIR DEPENDÊNCIA DA EUROPA
A conversa que trouxe detalhes em relação à estratégia da Renault para o Brasil foi iniciada com uma pergunta a respeito da expansão da marca para fora da Europa. Historicamente, a companhia possui atuação significativa para além do Velho Continente. “Mais de 50% do volume de vendas acontece fora do perímetro da Europa, o que nos faz menos dependentes que nossos vizinhos [PSA] antes da fusão que resultou na Stellantis. Além disso, temos sete centros de engenharia e 16 áreas de produção fora da Europa”, exemplifica De Meo.
No entanto, como ele mesmo reconhece, os volumes por si só não são suficientes ainda. “Se você olhar pelas lentes de lucros, as coisas ficarão muito diferentes. Em 2019, antes da crise, 50% dos nossos resultados estavam em cinco mercados da Europa e 75% no continente. E mais de 100 outros países representavam 25% dos lucros. É uma situação que temos que corrigir”, explica o CEO. De Meo aponta ainda que sabe que a mudança não acontece em curto prazo e que, naturalmente, seu mercado doméstico (a Europa) será sempre sua fonte maior de lucratividade.
[ Fonte: Automotive News ]
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