As vendas de veículos novos voltaram a cair no Brasil ao longo de fevereiro, mês com menos dias úteis do ano. Ao longo do período, foram 158.237 automóveis e comerciais leves emplacados, volume 2,66% menor que o de janeiro e 17,85% inferior ao de fevereiro de 2020. No acumulado de 2021, o mercado nacional soma 320.793 licenciamentos, -14,85% em relação ao primeiro bimestre do ano passado. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que aponta pandemia, escassez de componentes e o aumento de ICMS no estado de São Paulo como fatores da retração.
De acordo com a Fenabrave, que reúne concessionários autorizados, o maior entrave do momento é a falta de peças. A escassez tem afetado inclusive outros países mais desenvolvidos, sendo diretamente relacionada à pandemia de Covid-19. “Mesmo com os esforços das montadoras para aumentar a produção, a falta de disponibilidade de peças e componentes ainda persiste, fazendo com que algumas fábricas tivessem de paralisar temporariamente a produção em fevereiro, afetando de forma importante a oferta de produtos”, explica o presidente da entidade, Alarico Assumpção Júnior. Recentemente, fábricas como a da GM em Gravataí (RS) (leia aqui) e a da Honda em Sumaré (SP) (leia aqui) foram fechadas por falta de componentes.
Além de afetar a cadeia produtiva, a pandemia voltou a prejudicar a comercialização no mercado. Novas medidas de distanciamento social foram tomadas em todo o País, obrigando lojistas a fecharem as portas por períodos predeterminados. “O aumento dos casos de Covid-19, que provocou o retrocesso da abertura do comércio em várias cidades, também contribuiu para a queda de vendas do mês de fevereiro”, aponta o presidente da Fenabrave.
A “cereja do bolo” foi a revisão no cálculo do ICMS promovido em São Paulo. O governo de João Doria Jr. elevou a alíquota de veículos novos de 12% para 13,3%, o que causou até mesmo a divulgação de tabelas separadas para lá (leia aqui). Como o estado representa cerca de 25% das vendas do País, o impacto foi significativo. Algumas marcas preferiram não criar listas “específicas” para SP, elevando o preço igualitariamente em todo o Brasil. “Todos saíram perdendo com isso: consumidor, empresários, empregados e o próprio governo de São Paulo que, certamente, não terá aumento de arrecadação, pois há tendência de os negócios serem realizados fora do estado, onde o ICMS é menor”, conclui Assumpção.