Audi A3 Sedan sendo feito no Paraná
Apesar das condições ainda parecerem desfavoráveis, a Audi não desistiu de manter a produção em São José dos Pinhais (PR), encerrada em fevereiro (leia aqui). À revista Exame, o presidente da marca no Brasil, Johannes Roscheck, indicou que a empresa ainda estuda a possibilidade de fabricar veículos em solo tupiniquim. O assunto estaria em debate interno, mas, segundo ele, é possível que tenhamos novidades positivas em breve.
Questionado sobre a situação da fábrica paranaense e a possibilidade de produzir novos veículos, Roscheck deu indícios positivos, mas foi bastante evasivo. “Estamos firmes e fortes neste assunto, ainda estamos estudando muitos detalhes, mas imagino que a gente pode, no mês que vem, anunciar alguma coisa publicamente. Só que, por enquanto, não posso falar muitas coisas porque realmente estamos na fase final de tomar as nossas decisões”, pontuou. Após insistência, o tom foi mantido: “Me dá mais um tempinho e te garanto que não deverá ser uma resposta ruim. Não sei se isso ajuda”.
No caso da produção nacional, o principal entrave da Audi está nos cofres públicos. Explica-se: o regime Inovar-Auto, implantado em 2012, concedia incentivos para quem investisse em fábricas no País. No entanto, os benefícios retornariam futuramente, o que acabou não acontecendo. A entrada desses recursos ajudaria bastante a colocar os planos em prática.
Oficialmente, porém, a Audi indica que há um certo entrave com relação à moeda. Para o presidente da marca, não se sabe dizer como será o patamar daqui um ano, embora tenham sido dados sinais de uma melhora no câmbio ao longo dessa semana. Outro ponto crítico diz respeito à redução de custos para sistemas eletrificados, que serão mandatários no futuro da companhia.
Apesar disso, a empresa está ciente de que a estratégia agora, como estão fazendo outras marcas, é favorecer os ganhos em detrimento ao volume de vendas. Ou seja: pode-se vender menos, desde que se fature mais. Por isso, a Audi apostou as fichas na gama alta, especialmente os esportivos da sigla RS, que têm registrado alta demanda no País. “Essa estratégia de volume muito alto não funcionou por vários motivos. Eu acho que a gente precisa aceitar que a economia no Brasil não é tão estável e apostar em um crescimento constante, por muitos anos, pelo menos uma década, não é confiável o suficiente”, avalia Roscheck.
A visão do executivo, contudo, não é exclusividade de sua empresa, tampouco do País. A Ford e a GM, por exemplo, deixaram de lado vários mercados grandes e deficitários para operar em nichos com lucro. A Renault segue o mesmo caminho em nível global, após a nomeação de Luca de Meo como CEO e a criação do plano Renaulution.
Ainda nesse sentido, a Audi percebe que é necessário estar perto do consumidor brasileiro. Por isso, mesmo com a força do México, de onde vem o Q5, uma linha de montagem tupiniquim pode ajudar bastante em termos de competitividade. Um exemplo é a BMW, que lidera de braçada no segmento premium e continua fabricando em Araquari (SC). “(…) O mercado brasileiro tem suas tendências, que, assim como os ciclos de mercado, são muito mais curtas que em outros países”, explica Roscheck. “Por isso mesmo, eu acredito fortemente que ficar perto dos nossos clientes, acompanhar as tendências do mercado e estar presente para nossos concessionários vale a pena ser estudado”, adiciona.
O executivo ainda acredita em uma recuperação do mercado nacional. Para ele, as vendas só não estão maiores por falta de componentes. “Você vê que a previsão para este ano chega perto do que foi em 2019. Já vimos uma recuperação na segunda metade do ano passado e agora a situação atual para nossa indústria é um pouco diferente, porque faltam insumos, componentes eletrônicos. Acho que o mercado seria bem maior se toda a indústria tivesse os veículos necessários para vender. Eu tenho certeza de que a segunda metade do ano pode ser um mercado bom, como foi no ano passado, pelo menos”, conclui o presidente.
[ Fonte: Exame ]
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