O aguardado anúncio da União Europeia, banindo carros a combustão a partir de 2035 (leia aqui), enfrenta resistência interna. De acordo com a agência Bloomberg, o governo da França está pressionando as demais lideranças do bloco econômico para que o prazo final para esse tipo de propulsão seja um pouco mais elástico. O país defende que a proibição aconteça apenas a partir do final da década – ou seja, 2040, como sua legislação interna prevê (leia aqui) – e que haja uma tolerância um pouco maior com os híbridos plug-in.
Segundo consta, a intenção da União Europeia é reduzir gradualmente as emissões dos automóveis a combustão, banindo-os em definitivo em 2035. Cinco anos antes, seria exigida uma redução de 65% nas emissões de poluentes dos veículos, em relação à média atual. Um funcionário do gabinete do presidente da França, Emmanuel Macron, confirmou que o país almeja uma redução menor, de 55%, além de prolongar a existência dos híbridos.
De acordo com a Bloomberg, a proposta da França surgiu após conversas de Macron com diferentes setores da indústria francesa. Além de executivos de Renault e Stellantis, controladora de Citroën e Peugeot, o presidente também se reuniu com representantes de trabalhadores e metalúrgicos. O consenso seria de que a transição para os carros elétricos seria mais rápida do que o possível. “Sabemos que não há escolha a não ser a mudança para os elétricos. A questão mais importante é se estamos preparados para avançar [tão rápido]”, pontua o representante do sindicato CFDT, Jean-Marie Robert. Curiosamente, o país tem planos de liderar a eletrificação entre as nações mais ricas do Velho Mundo (leia aqui).
O principal grupo de lobistas – a prática é permitida por lá – da indústria da França, La Plateforme Automobile, aponta que serão necessários investimentos na ordem de € 17,5 bilhões (R$ 105,25 bilhões), até a metade dessa década, para o desenvolvimento de baterias, a criação de estações de recarga e a estruturação de serviços adicionais. Além disso, a proibição de motores a combustão poderia dar fim a cerca de 100 mil postos de trabalho do segmento até 2035 – atualmente, são 190 mil empregados pelo setor na França, considerado um dos países com maior custo de mão de obra da Europa.
[ Fonte: Bloomberg ]