F1: Hamilton vence caótico GP da Arábia Saudita; Verstappen é segundo

O Grande Prêmio da Arábia Saudita tinha previsão de fortes emoções após os vários acidentes ocorridos na Porsche Cup e na Fórmula 2, antes da disputa “principal”. Dito e feito: com alguns acidentes, vários safety car virtuais (VSC) e uma bandeira vermelha, a inédita etapa agitou a Fórmula 1. Palco também de uma colisão entre Lewis Hamilton e Max Verstappen, a prova saudita foi vencida pelo britânico, que empatou na liderança do Mundial de Pilotos. O holandês da Red Bull segue à frente no critério de desempate: o número de vitórias (9×8), agora com a decisão do campeonato se encaminhado para o GP dos Emirados Árabes, já neste final de semana. O pódio foi completado por Valtteri Bottas, que tomou a terceira posição na última reta da prova.

A CORRIDA

A etapa saudita prometia fortes emoções desde antes da largada. O grid tinha Hamilton na ponta, com Bottas em segundo, Verstappen em terceiro, Charles Leclerc em quarto e Sergio Perez em quinto. Na partida, o inglês se manteve na dianteira, com o companheiro de Mercedes fechando a porta e impedindo o avanço do holandês da Red Bull, que era atacado pelo monegasco da Ferrari e quase foi passado por seu companheiro de time Desenhava-se um momento-chave para que Hamilton, então, assumisse a ponta do Mundial isoladamente. Logo atrás, os pilotos conseguiam evitar batidas fortes, apesar de os toques existirem. Esteban Ocon passaria de nono para sétimo, Daniel Ricciardo de 11º para nono e Fernando Alonso de 13º para décimo.

Na volta 10, o primeiro acidente: Mick Schumacher perdeu a traseira na curva 22 e parou no muro, destruindo sua Haas. A organização determinou a entrada do Safety Car, o que agitou as equipes. A Mercedes, então, chamou Hamilton para calçar compostos duros, enquanto Bottas reduzia a velocidade para segurar Verstappen. O finlandês também foi aos boxes, adotando a mesma estratégia, mas o holandês da Red Bull permaneceu na pista com os pneus médios. Leclerc e Perez tomaram o mesmo caminho dos ponteiros. Depois de quatro voltas sob Safety Car, a dificuldade na remoção do carro de Schumacher fez a direção sacudir as bandeiras vermelhas, interrompendo a prova. Assim, Verstappen poderia mexer no carro, substituindo os pneus.

Com a pista liberada, os carros voltaram à pista, com Verstappen na ponta. Na volta de aquecimento, Hamilton segurou a fila, o que rendeu protestos do líder pelo rádio, questionando a legalidade da manobra. A estratégia do inglês era de fazer esfriarem os pneus do rival e esquentar o motor, o que causaria uma dupla perda de rendimento. Aparentemente, deu certo: na relargada, o britânico passou o adversário, que colocou o carro por fora da curva 1 e saiu na frente. A manobra obrigou Hamilton a frear forte, deixando Ocon assumir a liderança. No pelotão seguinte, Bottas perderia posição para Ricciardo. Mais atrás, uma confusão gigante: Perez ficou espremido entre Leclerc e Gasly e acabou fechando o monegasco. O mexicano girou e bateu de lado no muro, ficando perigosamente sobre a pista. Outra colisão foi a de Nikita Mazepin na traseira de George Russell, após uma repentina freada do inglês da Williams. Resultado: nova bandeira vermelha.

Enquanto a pista era limpa, a Red Bull recebia um comunicado da FIA: Verstappen teria de devolver a posição a Hamilton por passá-lo por fora do traçado. Ocon, então, assumiria a ponta, com o holandês caindo para terceiro. Na segunda relargada, Verstappen veio de médios e ultrapassou Hamilton e Ocon já na primeira curva, assumindo a dianteira. O francês manteve a segunda posição, com o heptacampeão logo atrás. Sem conseguir manter o mesmo ritmo, o piloto da Alpine foi superado pelo da Mercedes no giro seguinte. Na volta 23, Yuki Tsunoda atingiu Sebastian Vettel e teve o bico do carro danificado. Ambos acabaram deixando peças pela pista ao longo do traçado. Por isso, houve novo VSC.

A partir daí, a prova perderia em emoção em termos de ultrapassagens, em quase todo trecho, com os ponteiros brigando pela vitória. A distância entre eles ficava sempre entre 1 e 2 segundos: Hamilton era mais veloz nas retas, com Verstappen “devolvendo” nas curvas, ainda que o britânico viesse empilhando melhor volta atrás de melhor volta. Na 29, Vettel e Kimi Räikkönen também colidiram, gerando mais um VSC, que apareceu também nos giros 33 e 36.

No início da volta 37, Hamilton abriu a asa móvel (DRS) e partiu pra cima de Verstappen. O holandês fechou a porta e seguiu na ponta. Para os comissários, porém, o movimento foi ilegal e o holandês acabou tendo de devolver a posição ao britânico, rendendo ainda uma punição de 5 segundos. Mas o pior ainda viria: a FIA comunicou à Red Bull, já no giro 38, que Max cedesse a dianteira Lewis. O problema é que, aparentemente, o inglês não fora avisado.

Verstappen, então, segurou o carro, o que aparentemente confundiu Hamilton, que não o passou. O holandês então freou ainda mais forte e Lewis acabou batendo na traseira, danificando a lateral da asa dianteira. Ambos seguiram em pista, protestando mutuamente contra o outro. A Mercedes reclamou com a FIA sobre a situação, mas o diretor de provas, Michael Masi, garantiu ter informado aos alemães que a devolução aconteceria.

Ainda na dianteira, Verstappen foi avisado que recebeu a punição de 5 segundos. Ciente de que não conseguiria abrir tamanha vantagem, o holandês não tentou contra-atacar quando cedeu novamente a liderança. Após a prova, ainda receberia outro acréscimo, agora de 10 segundos, por ter causado a colisão. No giro final, Bottas tomou o terceiro lugar de Ocon, a poucos metros do fim da prova, ocupando o último lugar do pódio e praticamente selando o destino do Mundial de Construtores da F1 2021.

Agora, a decisão fica para o GP dos Emirados Árabes, em Abu Dhabi, marcado para acontecer entre 10 e 12 de dezembro. Então, teremos um campeão inédito, Verstappen, ou o único a levar o troféu para casa em oito temporadas, Hamilton. Independentemente do vencedor, o campeonato já é um dos mais memoráveis da historia.

Confira abaixo a classificação da prova.

GP STC DA ARÁBIA SAUDITA (50 voltas)
1. Lewis Hamilton (ING) – Mercedes – em 02h06min15s118
2. Max Verstappen (HOL) – Red Bull-Honda – a 21s825 **
3. Valtteri Bottas (FIN) – Mercedes – a 27s531
4. Esteban Ocon (FRA) – Alpine-Renault – a 27s633
5. Daniel Ricciardo (AUS) – McLaren-Mercedes – a 40s121
6. Pierre Gasly (FRA) – AlphaTauri-Honda – a 41s613
7. Charles Leclerc (MON) – Ferrari – a 44s475
8. Carlos Sainz (ESP) – Ferrari – a 46s606
9. Antonio Giovinazzi (ITA) – Alfa Romeo-Ferrari – a 58s505
10. Lando Norris (ING) – McLaren-Mercedes – a 1min01s358
11. Lance Stroll (CAN) – Aston Martin-Mercedes – a 1min17s212
12. Nicholas Latifi (CAN) – Williams-Mercedes – a 1min23s249
13. Fernando Alonso (ESP) – Alpine-Renault – a 1 volta
14. Yuki Tsunoda (JAP) – AlphaTauri-Honda – a 1 volta *
15. Kimi Räikkönen (FIN) – Alfa Romeo-Ferrari – a 1 volta

* Adição de 5s: causar acidente
** Adição de 15s: levar vantagem ao sair da pista (5s) e causar acidente (10s)

NÃO COMPLETARAM
Sebastian Vettel (ALE) – Aston Martin-Mercedes
Sergio Perez (MEX) – Red Bull-Honda
Nikita Mazepin (RUS) – Haas-Ferrari
George Russell (ING) – Williams-Mercedes
Mick Schumacher (ALE) – Haas-Ferrari

VOLTA MAIS RÁPIDA
Lewis Hamilton (ING) – Mercedes – 1min30s734 (volta 47)

PILOTO DO DIA (Votação do Público)
Max Verstappen (HOL) – Red Bull-Honda