Já tradição no ALL THE CARS, o especial ¡Adiós, Muchacho! relembra os modelos descontinuados no ano anterior. Em 2021, por exemplo, deixaram o País alguns nomes conhecidos, como Ford Fusion, Nissan March e Volkswagen Passat, entre outros (leia aqui). E, em 2021, o mercado brasileiro viu muitos deles saírem de cena, especialmente por questões legais quanto às emissões de poluentes. Foram tantos, aliás, que tivemos de dividir este especial em duas partes, por ordem alfabética. Confira abaixo quais foram as vítimas da mão pesada dos executivos – e da Lei – e também no post a seguir (leia aqui).
CHEVROLET MONTANA – Sem jamais ter repetido o sucesso da primeira geração (leia aqui), a segunda linhagem da Montana deixou o mercado nacional após 10 anos (leia aqui). Derivada do Agile, a picape tinha visual controverso e espaço interno acanhado, ainda que o acabamento fosse razoável para um modelo de trabalho. A “velha de guerra” nasceu e morreu com o 1.4 8v Flex, indo embora sem alarde. Pouco depois, a Chevrolet confirmou o lançamento de uma terceira geração, o que ocorrerá ainda em 2022 (leia aqui). Ela deve brigar com Fiat Toro e Renault Duster Oroch.
CITROËN AIRCROSS – Apresentado em agosto de 2010 (leia aqui), o Aircross chegou como a solução brasileira ao C3 Picasso – que logo também viria para cá (leia aqui) – ao combinar a carroceria de minivan com um perfil aventureiro. Inicialmente, o modelo colheu bons frutos, mesmo sem ser o protagonista do segmento. No entanto, a Citroën foi deixando o monovolume de lado, mesmo após a reforma de 2015 (leia aqui), deixando de aplicar novidades – a caixa automática de seis marchas, por exemplo, só chegou em 2017 (leia aqui). Saiu de cena, sem muita festa, em maio (leia aqui).
CITROËN C3 – Fora de linha também desde maio (leia aqui), o C3 foi comercializado no Brasil por quase nove anos nesta segunda geração (leia aqui). O hatch sempre foi considerado um produto mais “feminino”, atraindo o público principalmente por design, acabamento e os diferenciais que a Citroën costuma trazer, como o para-brisa alongado Zenith (opcional). A marca também tem outra “tradição” por aqui: deixar modelos desatualizados por muito tempo. É o caso do C3, que foi embora sem receber sequer retoques. Por outro lado, ele ganhará uma terceira linhagem, para países emergentes, ainda em 2022 (leia aqui).
FIAT ARGO/CRONOS AT – Equipamento quase essencial no mercado brasileiro atual, o câmbio automático não está mais disponível para Argo e Cronos. A caixa era unida somente ao motor 1.8 16v E.torQ, retirado de linha por questões ambientais no finalzinho de 2021 (leia aqui). Por ora, ambos têm somente a transmissão manual, mas a continuamente variável (CVT) deve estrear no início de 2022, preenchendo esta lacuna.
FIAT DOBLÒ – Quem também partiu desta para a melhor foi o Doblò, após 20 anos de mercado. O utilitário estreou em 2001, servindo de premiação a participantes do finado reality show Casa dos Artistas, do SBT. De lá pra cá, passou por revisão na gama de motores, uma leve reestilização (leia aqui) e teve até mesmo a variação Cargo morta e renascida quatro anos depois (leia aqui). No entanto, foi descontinuado no fim de 2021 (leia aqui) pela impossibilidade de o motor 1.8 atender às normas de emissões.
FIAT GRAND SIENA – Outra vítima das regras ambientais foi o Grand Siena (leia aqui). O irmão do Palio de segunda geração vinha atendendo a frotistas e locadoras quase integralmente, sem ter mais tanto apelo junto ao público “comum”. Seu problema estava nos motores 1.0 e 1.4, que tiveram de passar por mudanças – vide Mobi (leia aqui) e Fiorino (leia aqui). A Fiat não quis investir no sedã e optou por tirá-lo de cena de vez. Deve ser substituído indiretamente por uma nova versão do Cronos.
FIAT STRADA (PRIMEIRA GERAÇÃO) – Outra veterana que nos deixou em 2021 foi a primeira geração da Strada (leia aqui). Datada de 1998, ela completou nada menos que 22 anos de mercado antes de sair de linha. A Fiat havia optado por deixá-la em oferta mesmo com a chegada da segunda linhagem (leia aqui), mas o modelo antigo acabou ofuscado pelo novo, não valendo mais a pena mantê-lo em produção. O fim aconteceu ainda em janeiro.
FIAT UNO – Um dos modelos mais emblemáticos a deixar o mercado foi o Uno. Sua segunda geração, apresentada em 2010 (leia aqui), serviu como primeiro carro de muitos, mesmo que fosse nas aulas de direção. Ao longo dos 11 anos de vida, passou por duas reformas (leia aqui e aqui), mas já tinha perdido espaço para Mobi e Argo. Mais importante ainda foi a primeira linhagem, que aqui chegou em 1984 e morreu em 2013, já como Mille (leia aqui). Para a história de quase quatro décadas do produto, o Uno merecia mais que a simples série final Ciao, mostrada em dezembro (leia aqui).
FORD ECOSPORT – O chocante anúncio do fechamento de fábricas e do fim da produção de veículos no Brasil, feito pela Ford em janeiro (leia aqui), encerrou também a trajetória de modelos de sucesso no País. O maior deles, sem dúvida, foi o EcoSport. Originalmente criado em 2003, ele criou uma categoria que hoje domina mercados, tendo reinado sozinho até a chegada do Renault Duster, em 2011 (leia aqui), quando sua segunda geração já estava pronta para ganhar as ruas (leia aqui). Inexplicavelmente, a Ford o deixou morrer no segmento – mesmo com o retoque de meia vida (leia aqui) – e acabou optando por seu fim e de todos os demais produtos nacionais. Triste fim para vários modelos e, talvez, para uma marca no Brasil.
FORD EDGE – A nova estratégia da Ford, após o fim da produção nacional, consiste em atuar em segmentos mais lucrativos e menos volumosos, exatamente onde o Edge se inseria. No entanto, o SUV não conseguiu repetir o sucesso de sua primeira linhagem, muito em parte pelo alto preço pedido, e acabou saindo de cena em agosto (leia aqui). A retirada foi bastante discreta, talvez pelo fato de poucos terem visto o modelo rodando pelo País. Até o momento, a Ford não parece disposta a ocupar a lacuna deixada por ele.
FORD KA/KA SEDAN – O “crime” cometido pela Ford também vitimou Ka e Ka Sedan, que já haviam conquistado espaço no País (leia aqui). O hatch chegou por aqui em 1997, em consonância com o homônimo europeu, mas o espaço interno reduzido e as linhas ousadas afastaram clientes. Com uma reforma leve, o subcompacto encontrou seu lugar, mas viria a ganhar força, de fato, com a segunda geração (leia aqui). Com cinco portas e uma gama acertada, ele logo se tornou um dos líderes de vendas, chegando próximo do topo do mercado. Alegando prejuízos altos com o produto – e a operação nacional como um todo, aliás -, a Ford deu fim ao Ka e seu irmão sedã (leia aqui). Este também havia encontrado seu lugar ao sol, especialmente junto a frotistas. Ambos saíram de cena sem nem se despedirem.
KIA RIO – Mais de 10 anos de rumores, promessas e planos revistos (leia aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), e o Kia Rio enfim desembarcou no Brasil, em janeiro de 2020 (leia aqui). Mas a trajetória do hatch por aqui não durou muito tempo. Oferecido em versão única desde março de 2021 (leia aqui), o compacto teve as vendas suspensas em novembro (leia aqui). A marca alega que a alta do dólar impossibilita que o modelo seja competitivo, mas as vendas baixas certamente pesaram mais. A Kia esperava negociar 2.400 unidades do modelo em 2020, antes de a pandemia eclodir, mas foram emplacados apenas 370 exemplares. Em 2021, foram ainda menos: 169. Certamente não voltará.
MITSUBISHI ASX – Apresentado no Brasil em 2010 (leia aqui), o ASX é feito em Catalão (GO) desde 2013 (leia aqui) e ganha reestilizações frequentes desde então (leia aqui, aqui e aqui). No entanto, desde setembro o SUV não figura mais no site da Mitsubishi (leia aqui), muito provavelmente devido à baixa demanda. Mas se engana achando que ele está totalmente morto: sua reestilização, comercializada como Outlander Sport (leia aqui), segue firme e forte no mercado.
Logo, publicaremos a segunda parte do especial!