A falta de semicondutores segue prejudicando as operações de automóveis em todo o mundo. E, por aqui, mais uma empresa faz prognósticos negativos com relação à crise: a HPE Automotores, responsável por montar, distribuir e comercializar modelos da Mitsubishi no País. Segundo o comando da companhia, a expectativa é que, caso a situação não seja contornada, a queda na produção prevista para o segundo semestre de 2022 levará a fábrica de Catalão (GO) a níveis até piores que os registrados durante a pandemia.
A escassez de semicondutores vem atingindo a indústria automotiva global desde o início de 2021, como reflexo da desaceleração de atividade causada pela pandemia. Neste ano, quando se esperava que a situação fosse dar indícios de melhora, o cenário aponta para uma piora. Isso porque, além da falta que já existia, há outros acontecimentos ligados aos fornecedores de chips e de matérias primas para produzi-los que afetam toda a cadeia, como a guerra da Rússia contra a Ucrânia e a nova onda de Covid-19 na China.
Não por acaso, o panorama atual é grande incerteza. “Hoje estamos trabalhando em apenas um turno e fazendo uma hora extra por dia para suprir a demanda. Mas o panorama em dois a três meses é um pouco mais obscuro por não termos uma visibilidade de fornecimento regular até o fim do ano”, explica o presidente da HPE, Reinaldo Muratori. Sem previsão clara em curto prazo, o planejamento para períodos mais longos também fica prejudicado.
De acordo com Muratori, é por isso que o cenário deve ficar pior do que na pandemia: o mercado global voltou a operar “normalmente”, mas há peças que não acompanham o mesmo ritmo de recuperação. “Nós paramos a produção por dois meses em 2020, mas voltamos a trabalhar normalmente antes do fim daquele ano. Tivemos uma situação privilegiada em 2021, até em relação a outras montadoras, já que conseguimos manter [a produção] em um nível muito próximo à nossa capacidade máxima. Só que, neste ano, a coisa está mais complicada e devemos ter problemas no segundo semestre, inclusive pelo recente lockdown em Xangai [na China]. Eles [a matriz da Mitsubishi, no Japão] estão buscando alternativas, mas prevemos que a produção será mais problemática do que agora”, acrescenta.
Outlander Sport: sem produção desde março
Por não ter previsibilidade nos planos, a Mitsubishi optou por revisar a produção. O Outlander Sport, por exemplo, não é fabricado desde março, por falta de pelas, para otimizar a montagem de outros produtos. “Não adianta fabricar poucas unidades porque aí geramos insatisfação no cliente, já que a concessionária acaba aceitando o pedido e depois não consegue entregar o carro”, explica o executivo. “Estamos informando o volume de veículos que temos para entregar e vamos avisar as concessionárias quando a produção será normalizada”, adiciona.
A produção retraída fez com que a Mitsubishi optasse por interromper a expansão da rede no Brasil. Por ora, os 120 pontos serão mantidos, sem haver ainda previsão de ampliação no número de lojas. A HPE também não pretende participar de concorrências, pois os prazos exigidos, como o de 180 dias para a entrega, trazem incerteza no cumprimento do acordo por parte da montadora.
[ Fonte: Automotive Business ]