A semana começou preocupante para a indústria automotiva argentina. Além das dificuldades em se obter matéria-prima, as fabricantes de pneus lá instaladas sofrem com as greves lideradas pela central sindical Sutna, que reúne os trabalhadores do setor. Deste modo, as três empresas que operam no país vizinho, Bridgestone, Pirelli e Fate, suspenderam as operações. A paralisação deve causar o desabastecimento nas fábricas de veículos e também no mercado de reposição.
No momento, o principal entrave entre os fabricantes e o sindicato diz respeito a reajustes salariais. O Sutna exige um aumento de 70% nos ordenados dos funcionários do setor, além de horas extras em 200% ao valor nominal para quem trabalha nos finais de semana ou cuja jornada supera as 40 horas semanais. Ao site MDZ, um representante das montadoras reclama que o governo, mediante o Ministério do Trabalho, se comprometeu a ajudar a solucionar o caso, mas após, diversas reuniões, nenhuma solução foi encontrada.
O sentimento em algumas companhias é de que a greve é puramente política, haja vista que o sindicato é ligado ao Partido Trabalhador local. “Há um clima anti-empresas que acomente alguns funcionários. O que lhes importa é passar uma mensagem ao setor privado. O problema é que não estão medindo as consequências da situação”, disse um diretor de montadora ao site MDZ. Na Argentina, algumas montadoras já tiveram problemas com a falta de pneus: a Renault-Nissan, por exemplo, suspendeu a montagem das picapes Alaskan e Frontier há algumas semanas. Na Ford, um dos turnos de produção da Ranger foi fechado temporariamente.
Como reflexo, a Bridgestone fechou temporariamente suas fábricas na Argentina, enquanto a Pirelli segue o mesmo caminho. Na Fate, a planta foi sitiada por cerca de 100 colaboradores. Ao todo, as três empresas empregam aproximadamente 5 mil pessoas. Em condições “normais”, são produzidos 500 mil pneus por mês. Atualmente, estima-se uma escassez de 1,5 milhão de unidades, o que provoca desabastecimento e, claro, inflação. O país sofre ainda com a falta de dólares para uso em importação, o que dificulta a reposição com pneus oriundos do exterior.
[ Fonte: MDZ ]