O último dos sete modelos da série Last Call, que marca o fim de Charger e Challenger (leia aqui), foi revelado pela Dodge. E não poderia ser menos impactante que toda e qualquer versão já feita do cupê. Tomando por base o já impressionante Demon (leia aqui), o inédito Demon 170 traz ainda mais força e desempenho: são gerados até 1.039 cv, que o empurram de zero a 96 km/h em 1,66 segundo (isso mesmo!). Ele terá apenas 3.300 unidades produzidas, 3.000 para os Estados Unidos e o restante destinado ao Canadá.
Se o 6.2 V8 com compressor já rendia bons 851 cv e 106,2 kgfm no Demon, no 170 ele entrega ainda mais energia. Com gasolina americana E10 (10% de etanol), são 913 cv e 111,9 kgfm, subindo para 1.039 cv e 130,6 kgfm com o uso do etanol E85 (15% de gasolina). Neste último caso, a força leva o Challenger de zero a 96 km/h em 1,66 segundo, cumprindo o quarto de milha (402 metros) em 8,91 segundos, a 243,28 km/h.
O tempo e a velocidade são certificados pela NHRA, associação norte-americana que organiza corridas de dragster. Além disso, a força G gerada na aceleração é de 2,004, a maior entre os carros de produção atuais. Os números são bastante interessantes, ainda mais para um esportivo de 1.940 kg e com 15 anos de estrada completados quase sem mudanças significativas.
MUDANÇAS MECÂNICAS
Para chegar a tanta força, a Dodge dedicou um tempo a modificar o 6.2. O compressor mecânico passou a três litros de deslocamento (no Demon “comum” são 2,7), o corpo da borboleta aumentou de 92 para 105 milímetros e a central eletrônica (ECU) recebeu um novo mapa, específico para queima de etanol, que permitiu chegar aos 1.039 cv. No painel, um ícone mostra quando há mais de 20% de álcool no tanque, com uma indicação branca. Ao se passar de 65% de proporção, ela fica vermelha, indicando que a cavalaria total está disponível. Vale ressaltar que foram modificados diversos componentes do V8, deixando originais praticamente o comando de válvulas e o sistema admissão.
Com a força extra do V8, também foi necessário mexer na transmissão. O cardã ficou mais largo e suporta agora 30% mais carga, enquanto a carcaça do diferencial foi reforçada para aguentar 53% mais força. O torque extra motivou ainda alterações nas semi-árvores. A Dodge também trocou as rodas: as dianteiras têm 18 polegadas de diâmetro e 8″ de tala, enquanto as traseiras possuem 17″ e 11″, respectivamente. O conjunto original é feito em alumínio, mas pode ser trocado pelos aros de fibra de carbono.
Para ajudar no melhor aproveitamento da cavalaria, a marca aplicou uma nova dieta no Demon 170. A Dodge removeu todo o isolamento acústico, retirou os bancos traseiro e do carona, descartou o revestimento do porta-malas, simplificou o rádio, aplicou carpete mais fino, substituiu os freios por discos mais leves e ainda adotou barras estabilizadoras ocas na suspensão. O resultado foi uma diminuição de 71 kg no peso, em relação ao Redeye Widebody.
Completando a série de modificações, o Demon 170 tem novo acerto de chassi. A suspensão foi elevada em 10 milímetros, ganhou amortecedores Bilstein e teve o curso reduzido em 17 mm. Com a transferência de carga à traseira que ocorre nas arrancadas, a Dodge acabou modificando a cambagem no eixo posterior e aplicou molas menos firmes (35% na frente, 28% atrás) e barras estabilizadoras menos rígidas (75%/44%). Os amortecedores ajustáveis têm a função Drag, que modifica a compressão para otimizar a tração sobre os pneus traseiros. Fechando a lista de mudanças, o sistema TransBrake, que permite acelerar o motor com o câmbio engrenado sem que o carro se mova, fica ativo até 2.350 rpm, aumentando em 15% o torque que chega ao eixo posterior na arrancada.
Infelizmente, o Demon 170 não virá ao Brasil (ao menos não oficialmente).