Mitsubishi também afasta Ghosn


Presidente da Mitsubishi desde que a empresa teve 34% de seus ativos vendidos à Nissan (leia aqui), Carlos Ghosn não ocupa mais esse cargo. O brasileiro de 64 anos, preso sob acusação de fraude fiscal e uso de dinheiro da Nissan para cobrir gastos pessoais, foi removido da posição pelo conselho de administração da montadora dos três diamantes. A decisão foi unânime entre os membros da direção, como ocorreu com ele na outra montadora (leia aqui). Quem assume o cargo interinamente é o CEO Osamu Masuko.

A decisão pela saída de Ghosn foi justificada pela Mitsubishi em comunicado oficial. Segundo a empresa, o brasileiro “perdeu a confiança por parte da Nissan”, que é a atual controladora da marca e possui dois executivos no conselho. A montadora reitera ainda que ele está em uma posição “difícil para conseguir cumprir seus deveres”. Ela informa também ter aberto uma investigação interna para analisar as ações do executivo e verificar se houve algum tipo de “conduta inadequada”.

RENAULT-NISSAN EM RISCO

A saída de Ghosn da Mitsubishi reforça a tensão entre Nissan e Renault. Os japoneses já decidiram pelo afastamento do brasileiro, mas os franceses, por ora, decidiram apenas realocar executivos para sua função até que o caso se desenrole no Japão. Vale ressaltar que, segundo a rede local NHK, ele nega todas as acusações.

Pelos lados da aliança, a “briga” da Nissan é pela falta de relevância de suas opiniões. A empresa possui apenas 15% das ações da Renault e não tem direito a voto. Já a francesa possui 43,4% dos ativos da asiática e tem interferência direta nas operações. Os japoneses, porém, se baseiam no fato de sua montadora emplacar cerca de 60% mais veículos que a gigante europeia, o que deveria render uma maior significância na aliança.

Curiosamente, porém, foi Carlos Ghosn o responsável por a Nissan ainda existir. Em 1999, quando a Renault adquiriu uma fatia nas ações, o brasileiro foi o escolhido para reorganizar a montadora japonesa. Conhecido como Cost Killer (“Matador de Custos”), ele preparou um pacote com demissões, fechamento de fábricas e reestruturações interna e de produtos. Trouxe executivos mais jovens e prometeu que deixaria a empresa se ela não saísse do vermelho em dois anos.

Ao chegar lá, Ghosn encontrou uma companhia com cerca de US$ 20 bilhões em dívidas. Dois anos depois, dirigia uma empresa que operava no azul, com lucro operacional de 9% ao ano, quase o dobro da média da indústria. Ganhou novo apelido, o Mr. Fix It (“Senhor Conserto”), e virou celebridade no País, algo bastante incomum para um estrangeiro.

Ultimamente, ciente das tensões entre as partes, era ele quem vinha sendo responsável por manter as empresas unidas. Ghosn tinha a intenção de se aposentar após uma fusão entre Renault e Nissan, o que não deve acontecer por ora.

E VOCÊ, O QUE ACHOU DESTA NOTÍCIA?