Argentina tenta evitar saída de dólares com novo limite de importação


[Foto: Ambito.com]

O governo da Argentina decidiu impor, mais uma vez, cotas de importação a empresas do ramo automobilístico para tentar conter a saída de dólares do país. As autoridades do país vizinho convocarão montadoras e importadoras para analisar, marca por marca, suas projeções de venda, produção e exportações. Com tais dados, pretende-se obter uma previsão de demanda e geração de capital do setor até o fim do ano, o que ajudará a controlar a fuga da moeda norte-americana.

Segundo o jornal Ámbito Financero, o novo cronograma de encontros foi repassado pelos ministros da Indústria e do Desenvolvimento Fabril argentinos aos representantes da Adefa, que representa as montadoras, e da Cidoa, que reúne importadores. O plano do governo é autorizar a vinda de veículos com base em diferentes variáveis, funcionando como cotas, dando previsibilidade no volume para cada empresa. Todavia, essa prática, explícita, é vetada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) por ser uma espécie “dupla taxação” sobre importados e, por isso, terá mudanças na legislação e no batismo.

No caso das companhias com fábrica na Argentina, a cota vai variar de acordo com o nível de investimento na operação local, a participação de mercado, o uso de componentes locais e sua balança comercial. Empresas que demandarem um maior volume precisão apresentar um plano de melhoria de pelo menos um desses índices. Já entre as importadoras, será liberada uma quantidade predeterminada de unidades, com base no histórico da fatia de mercado de cada companhia.

A nova tentativa do governo argentino de reduzir a saída de dólares deve complicar a vida das empresas lá instaladas: afinal, cerca de 70% dos veículos comercializados por lá têm origem estrangeira, sendo o Brasil a principal fonte externa. Além disso, muitas das peças usadas em modelos feitos no país vizinho são oriundas de outras localidades, o que também contribui para o desequilíbrio comercial.

HISTÓRICO DE INSUCESSO

A decisão do governo Fernández, que assumiu em dezembro passado, de conter a fuga de dólares remete a uma prática similar adotada pela então presidente Cristina Kirchner, atual vice-presidente. Na época, as marcas do setor foram forçadas a compensar a balança comercial com a exportação de produtos feitos na Argentina. A Porsche, por exemplo, passou a enviar vinhos locais para outras regiões, a fim de diminuir a diferença para as importações.

A medida protecionista foi considerada um fracasso. Além de não conseguir evitar a saída da moeda americana, houve alta nos preços dos veículos. No caso dos importados, o aumento aconteceu por estoques escassos, enquanto os nacionais inflacionaram por falta de concorrência externa.

[ Fonte: Ámbito Financero ]

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