Quando surgiram os rumores de que deixaria a Europa (leia aqui), a Mitsubishi tratou logo de vir a público negar a possibilidade. A empresa reconheceu que seria necessária uma reorganização das operações (leia aqui), considerando a nova estratégia acertada com Renault e Nissan (leia aqui), mas que isso não significaria sua saída do Velho Continente. Significava. A japonesa anuncia agora que não fará mais lançamentos na região, mantendo seus produtos em oferta até o fim de seus ciclos. Ou seja: sairá de cena, cedo ou tarde, ainda que não tenha definido uma data para que isso ocorra.
A decisão de abandonar a Europa vinha sendo especulada devido às perdas da marca na região, reforçada pela estratégia em comum com Renault e Nissan de focar em áreas lucrativas. Por isso, a marca dos três diamantes vai liderar as operações do trio no Sudeste da Ásia, onde possui uma imagem mais sólida. Por lá, aliás, ela deverá conduzir o desenvolvimento das novas gerações das picapes L200 e Frontier e seus derivados.
Voltando ao Velho Continente, a agência Automotive News ressalta que a decisão da Mitsubishi, de “congelar lançamentos”, faz com que a marca vá reduzindo sua presença gradualmente até desaparecer por completo. A próxima novidade da empresa seria a nova geração do Outlander, seu carro-chefe por lá, que deve permanecer em oferta, na linhagem atual, por pelo menos mais um ano. O modelo mais recente é o Eclipse Cross, de 2017, que tende a continuar com uma reestilização de meia vida por pelo menos até 2022. Já o recentemente renovado Mirage deve seguir no mercado durante dois anos. Apesar do fim das vendas, a Mitsubishi garante que continuará prestando serviços de pós-vendas.
QUASE CINCO DÉCADAS
A saída da Mitsubishi da Europa dá fim a uma história de quase 50 anos. A japonesa chegou ao Velho Continente em 1975, tendo inclusive adquirido uma planta em Born, na Holanda, para montar veículos por lá. Entre 1995 e 2012, foram feitos o compacto Colt, o sedã Carisma, a minivan Space Star e até uma variação do Outlander para distribuição local. Após a empreitada, a unidade acabou vendida, sendo hoje controlada pelo Grupo VDL, que monta o BMW X1 e os Mini hatch e Countryman.
Em 2019, a empresa parecia disposta a uma nova investida no Velho Mundo. Na ocasião, anunciou um novo representante regional para ampliar seu alcance e melhorar a competitividade. As apostas recaíam sobre a boa reputação criada pela variação híbrida plug-in do Outlander, apresentada por lá em 2014 e que segue liderando as vendas do segmento na Europa.
Contudo, isso não parece suficiente para manter as operações da Mitsubishi no continente, especialmente porque as atividades globais vêm se refletindo em prejuízo há dois anos consecutivos. No próximo ano fiscal, a ser encerrado em 31 de março de 2021, a companhia projeta uma perda de 140 bilhões de ienes. Confirmado o prejuízo, será o pior balanço da empresa desde 2002.